sexta-feira, novembro 23, 2007














"Severino retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, Severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva."

[...]

"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."

Morte e vida Severina de João Cabral de Mello Neto


Hoje à tarde lembrei do João Cabral de Mello Neto, nem sei por que aconteceu isso, só sei que bateu saudade de ler Morte e Vida Severina, lembrei também do tempo que estudava na Rua São Caetano, aposto que todos conhecem, ou pelo menos já ouviram falar da rua das noivas. Pois bem, voltando ao poema, logo pesquisei no Google e matei a saudade de ler um trecho, afinal é um livro inteiro. Cara, é muito lindo esse livro do João Cabral, retrata a vida sofrida em forma de poema de um Nordestino que vive no sertão.
Vida severina é uma vida sofrida, talvez a vida que muitos vive hoje, dos que passam fome, dos que sofrem com a desigualdade, ou talvez o sofrimento que uma senhora de 100 anos sofreu ao ser brutalmente espancada aqui no Brasil por um assaltante que invade sua casa e a deixa no chão. Vi essa reportagem na televisão. Questiono-me se vale a pena o Estado gastar nosso dinheiro com um mostro desses! Repenso se talvez a pena de morte não diminuiria esse tipo de crime.
Como sempre estou indignado com a injustiça desse Brasil.

by Wilson França